A alfabetização consiste no aprendizado do alfabeto e de sua utilização como código de comunicação. De um modo mais abrangente, a alfabetização é definida como um processo no qual o indivíduo constrói a gramática e em suas variações. Esse processo não se resume apenas na aquisição dessas habilidades mecânicas (codificação e decodificação) do acto de ler, mas na capacidade de interpretar, compreender, criticar, resignificar e produzir conhecimento.Todas essas capacidades citadas anteriormente só serão concretizadas se os alunos tiverem acesso a todos os tipos de portadores de textos. O aluno precisa encontrar os usos sociais da leitura e da escrita. A alfabetização envolve também o desenvolvimento de novas formas de compreensão e uso da linguagem de uma maneira geral. A alfabetização de um indivíduo promove sua socialização, já que possibilita o estabelecimento de novos tipos de trocas simbólicas com outros indivíduos, acesso a bens culturais e a facilidades oferecidas pelas instituições sociais. A alfabetização é um fator propulsor do exercício consciente da cidadania e do desenvolvimento da sociedade como um todo.
Letramento
Letramento não é necessariamente o resultado de ensinar a ler e a escrever. É o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita (SOARES, 2003). Surge, então, um novo sentido para o adjetivo letrado, que significava apenas “que, ou o que é versado em letras ou literatura; literato” (MICHAELIS), e que agora passa a caracterizar o indivíduo que, sabendo ler ou não, convive com as práticas de leitura e escrita. Por exemplo, quando um pai ler uma história para seu filho dormir, a criança está em um processo de letramento, está convivendo com as práticas de leitura e escrita. Não se deve, portanto, restringir a caracterização de um indivíduo letrado ao que domina apenas a técnica de escrever(ser alfabetizado), mas sim aquele que utiliza a escrita e sabe "responder às exigências de leitura e escrita que a sociedade faz continuamente"[1]
Leitura
O aprendizado da leitura é um momento importante na educação, que começa na alfabetização e se estende por toda educação básica. Consiste em garantir que o [estudante|aluno] consiga ler e compreender textos, em todo e qualquer nível de complexidade. Depois da fase inicial de alfabetização, faz-se necessária a prática da leitura e da interpretação de textos. Uma vez alfabetizado, é possível o indivíduo ampliar seu nível de leitura e de letramento, de forma a tornar-se um sujeito autônomo e consciente. Por outro lado, a alfabetização por si só não assegura o desenvolvimento do cidadão, como uma panacéia para todo e qualquer mal oriundo da falta do saber.
Aprendizado da leitura na escola
A alfabetização formal se fixa no primeiro e segundo anos do ensino básico. A partir daí considera-se que o aluno já é um leitor e começa-se um período de interpretação de textos que parte deste pressuposto.
Métodos de alfabetização
Método fônico (ou sintético)
O lingüista americano Bloomfield, propositor do módulo fônico desse método, defende que a aquisição da linguagem é um processo mecânico, ou seja, a criança será sempre estimulada a repetir os sons que absorve do ambiente. Assim, a linguagem seria a formação do hábito de imitar um modelo sonoro. Os usos e funções da linguagem, neste caso, são descartados por se tratarem de elementos não observáveis pelos métodos utilizados por essa teoria, dando-se importância à forma e não ao significado.
No tocante à aquisição da linguagem escrita, a fônica é o intuito de fazer com que a criança internalize padrões regulares de correspondência entre som e soletração, por meio da leitura de palavras das quais ela, inconscientemente, inferir as correspondências soletração/som.
De acordo com esse pensamento, o significado não entraria na vida da criança antes que ela dominasse a relação, já descrita, entre fonema e grafema. Nesse caso, a escrita serviria apenas para representar graficamente a fala. Assim, a função seria precedida pela forma; os ditames viriam dos autores das cartilhas, como se esses fossem os detentores do significado, sobrepondo-se ao leitor; o texto serviria somente para ser destrinchado, absorvendo aquele significado cristalizado contido nele; e o erro visto com elevada severidade.
Com relação à prática, observa-se que os mestres decidem como e quando as crianças devem aprender; ensina-se de padrões regulares, considerados mais fáceis, passando para os irregulares, considerados mais difíceis; supõe-se que a criança deva dominar o modo correto, levando-se em consideração a variedade lingüística; a criança deve ter pré-requisitos muito bem estabelecidos para ser considerada apta à língua escrita.
Método global (ou analítico)
Opunha-se ao método sintético, questionando dois argumentos dessa teoria. Um que diz respeito à maneira como o sentido é deixado de lado e outro que supunha que a criança não reconheceria uma palavra sem antes reconhecer sua unidade mínima.
A principal característica que diferencia o método sintético do analítico é o ponto de partida. Enquanto o primeiro parte do menor componente para o maior, o segundo parte de um dado maior para unidades menores.
Justificando o método analítico, Nicolas Adam, responsável por suas bases, vai utilizar-se de uma metáfora, dizendo que, quando se apresenta um casaco a uma criança, mostra-se ele todo, e não a gola, depois os bolsos, os botões etc. Adam afirma que é dessa forma que uma criança aprende a falar, portanto deve ser da mesma forma que deve aprender a ler e escrever, partindo do todo, decompondo-o, mais tarde, em porções menores. Para ele, era imprescindível ressaltar a importância que a criança tem de ler e não decifrar o que está escrito, isso quer dizer que ela tem a necessidade de encontrar um significado afetivo e efetivo nas palavras.
O método analítico se decompõe em:
1. Palavração: diz respeito ao estudo de palavras, sem decompô-las, imediatamente, em sílabas; assim, quando as crianças conhecem determinadas palavras, é proposto que componham pequenos textos;
2. Sentenciação: formam-se as orações de acordo com os interesses dominantes da sala. Depois de exposta uma oração, essa vai ser decomposta em palavras, depois em sílabas;
3. Conto: a idéia fundamental aqui é fazer com que a criança entenda que ler é descobrir o que está escrito. Da mesma maneira que as modalidades anteriores, pretendia-se decompor pequenas histórias em partes cada vez menores: orações, expressões, palavras e sílabas.
Método Paulo Freire
Citação
«Não basta saber ler que Eva viu a uva. É preciso compreender qual a posição que Eva ocupa no seu contexto social, quem trabalha para produzir a uva e quem lucra com esse trabalho.»
(Paulo Freire, in Educação na Cidade, 1991)
O Método Paulo Freire consiste numa proposta para a alfabetização de adultos desenvolvida pelo educador Paulo Freire, que criticava o sistema tradicional que utilizava a cartilha como ferramenta central da didática para o ensino da leitura e da escrita. As cartilhas ensinavam pelo método da repetição de palavras soltas ou de frases criadas de forma forçosa (em linguagem de cartilha), como "Eva viu a uva"; "O bebê baba", entre muitas outras.
O processo proposto por Paulo Freire iniciava-se pelo levantamento do universo vocabular dos alunos. Através de conversas informais, o educador observa os vocábulos mais usados pelos alunos e assim seleciona as palavras que servirão de base para as lições. A quantidade de palavras geradoras pode variar de 18 a 23 palavras, aproximadamente. Depois de composto o universo das palavras geradoras, passa-se ao processo de exercitá-las com a participação do grupo.
A silabação: uma vez identificadas, cada palavra geradora passa a ser estudada através da divisão silábica, semelhantemente ao método tradicional. Cada sílaba se desdobra em sua respectiva família silábica, com a mudança da vogal. Por exemplo, para a palavra "ROBÔ", as sílabas são: RA-RE-RI-RO-RU, BA-BE-BI-BO-BU.
As palavras novas: o passo seguinte é a formação de palavras novas. Usando as famílias silábicas agora conhecidas, o grupo forma palavras novas.
Técnicas de leitura
Leitura dinâmica
A leitura dinâmica é uma estratégia para se ler grandes volumes de texto rapidamente. Essa estratégia tem muitos críticos. Woody Allen disse: "Aprendi leitura dinâmica e li 'Guerra e Paz' em 15 minutos. Tem a ver com a Rússia". Outros defendem sua eficácia, mas garantem que esse tipo de leitura só deve ser usado como leitura superficial. Os seus entusiastas discordam e afirmam ser possível a leitura de qualquer coisa em profundidade.
A leitura dinâmica é um conjunto de técnicas para acelerar a leitura, entre os quais figuram:
* Não verbalização das palavras (pronunciar as palavras mentalmente desacelera a leitura, o cérebro é capaz de ler mais rápido que "pronunciar").
* Fixação dos olhos (o movimento muscular dos olhos toma muito tempo, que poderia ser aproveitado captando mais palavras)
* Acompanhamento do texto com um dedo (ganha-se atenção e não se perde o ponto de referência, ajudando a manter o olho em menos posições fixas)
Leitura sintópica
Tipo de leitura comparativa, baseada na leitura de diferentes livros sobre um determinado tema, relacionando-os uns aos outros e ao tema.
Análise em níveis
Essa tática, utilizada em literatura, consiste em analisar um texto em 3 níveis: superficial, médio e profundo. No primeiro, vê-se características literárias como prosa, verso, forma, etc. No nível médio, estuda-se o tipo de texto (período literário, escola, etc.) e seu propósito imediato. O nível profundo é o estudo das motivações subjacentes ao texto, suas aspirações morais, literárias e filosóficas, e como o texto pode servir de mensagem atemporal.
Leitura e interpretação
De modo geral, um grande problema em muitas pessoas é não ter o hábito da leitura.
Ler não é somente juntar letras e formar palavras, mas também, e, fundamentalmente, significa saber interpretar, decodificar a mensagem. Não se lê apenas através de símbolos do alfabeto. Existem outros códigos que produzem textos, tais como: uma obra de arte, uma cor, um desenho simples, um gesto ou expressão corporal, um comportamento ou atitude, uma expressão de pensamento e, assim por diante. Todas essas mensagens podem ser interpretadas de forma diferente por cada indivíduo leitor, considerando que a decodificação depende do histórico de vida de cada pessoa.
Gerar um tema depende de muita leitura e interpretação das mensagens do cotidiano. Ter o hábito de observar e questionar fatos sociais configurados no dia-a-dia contribui muito para a elaboração de um bom tema. Todos os fatos são importantes para quem quer escrever seja o que for. A opinião é formada por meio das mais variadas leituras.
Analfabetismo
Analfabetismo, como o próprio nome indica, é o desconhecimento do alfabeto, ou seja, a incapacidade de ler e escrever. Segundo a Unesco: "uma pessoa funcionalmente analfabeta é aquela que não pode participar de todas as atividades nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade, e que lhe permitem, também, continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço de seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade."
Para fins estatísticos, analfabeta é a pessoa acima de 15 anos que não sabe ler e escrever pelo menos um bilhete simples. O analfabetismo é um grave problema na maioria dos países subdesenvolvidos, comprometendo o exercício pleno da cidadania e o desenvolvimento sócio-econômico do país.
Analfabetismo funcional
Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças e textos curtos; e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o indivíduo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos, embora essa definição não seja muito precisa, já que existem analfabetos funcionais com nível superior de escolaridade.
Analfabetismo digital
Analfabeto digital denomina aquele que é incapaz de obter informações por meios da informática, ligadas à era digital, como a Internet ou qualquer outro meio ligado a computadores. Tipo de analfabetismo contemporâneo bastante comum em regiões que não possuem eletricidade e/ou suporte à rede mundial de computadores, porém há o caso opcional de desinteresse pela máquina por algumas pessoas que contam com fontes mais tradicionais de informação. Nas próximas décadas, espera-se uma expansão digital em todos os setores econômicos e culturais do globo, podendo causar exclusão social daqueles que não estão aptos a interagir com a informação digital.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alfabetiza%C3%A7%C3%A3o