por Patricia Soares, quinta, 26 de agosto de 2010 às 10:40
Ser bom é olhar as coisas e as pessoas com os “olhos do amor”.
A criatura que aprendeu a ver tudo com bons olhos consegue perceber que todas as ocorrências da vida estão caminhando para uma renovação enriquecedora. No Universo nada acontece que não tenha uma finalidade útil e providencial.
As grandes dificuldades não significam castigos ou punições, mas caminhos preparatórios para se alcançar dentro em breve um bem maior.
O bondoso é sustentado por sua autoconfiança e estimulado por um impulso forte e desinibido a fim de concretizar ou construir ações altruístas. Possui uma aura de vitalidade que reúne uma preciosa e rara combinação de ternura e destemor.
A criatura bondosa domina a arte da sinceridade. É preciso convir, também, que o orgulho, freqüentemente, é estimulado no médium por aqueles que o cercam. Se tiver faculdades um pouco transcendental é procurado e louvado; crê-se indispensável, e logo toma ares de suficiência e de desdém quando presta seu concurso, pois, acima de tudo, é fiel consigo mesma. Por ter desenvolvido uma natureza benevolente, tem aspecto jovial e sociável, demonstra carinho pelas crianças, aprecia a fauna e a flora, enfim gosta das coisas da Natureza. Em sua relação com os outros, é uma boa ouvinte, sempre disposta quando pode ser útil, solidária e cordial. Há uma diferença entre bondade e desatenção às necessidades pessoais. Ser bom não é ter uma vida associada à autonegação ou autonegligência, nem mesmo ajustar-se obsessivamente às exigências e necessidades dos outros. Acima de tudo, o bondoso conhece e defende os próprios direitos, ou seja, sabe cuidar de si mesmo. Entretanto, cuidar de si não quer dizer eu antes de tudo, mas com certeza me significa também. “A expressão cuidar de si” não deriva do egoísmo ou do orgulho, mas traduz o dever de amar a criatura que temos responsabilidade de amparar — nós mesmos. “E preciso convir, também, que o orgulho, freqüentemente, é estimulado no médium por aqueles que o cercam. Uma das características marcantes de nossa sociedade é fazer constantes solicitações e exigências às outras pessoas. Um indivíduo que aprendeu a ver com os bons “olhos do amor” tem a habilidade de não se deixar “estimular orgulhosamente” pelas pessoas que o rodeiam, porque aprendeu a amar ou a desempenhar sua tarefa na Terra sem expectativas alheias. A incapacidade de dizer “não posso”, “não concordo”, “não sei“, “não quero”, acarreta ao ser humano a perda de controle da própria vida. Isso, no entanto, não significa que deva dizer “não” a tudo, mas ter o direito de responder com franqueza quando lhe perguntam se gosta ou não de alguma coisa; em outras palavras, deixar o outro saber como ele sente e pensa. Declarar de forma positiva e direta seus valores e propósitos é preservar sua dignidade e auto-respeito. Se uma pessoa não for capaz de pronunciar essa simples palavra “não” quando bem quiser, permitirá que outras pessoas a explorem sem parar, afastando-a daquilo que realmente pode e quer fazer. “Aqueles que nos cercam” podem nos levar a elogios desmedidos. Não se pode confiar nos aplausos. Eles podem ser retirados a qualquer momento, não importa qual tenha sido nosso desempenho passado. A inconstância é um vício peculiar da massa comum. Quando a criatura “crê-se indispensável, e logo toma ares de suficiência e de desdém quando presta seu concurso”, devia conscientizar-se de que, com essa atitude, não está ajudando os outros. O orgulhoso se precipita em satisfazer vontades caprichosas; o bondoso estimula a aprendizagem, porque sabe que é pelo caminho dos erros e acertos que vem o conhecimento e, por conseqüência, o crescimento espiritual. Aprender a ser uma pessoa saudavelmente generosa pode estar ligado a uma longa aventura na área da perseverança. Ser bom não quer dizer que devemos interferir ou ficar presos nos problemas dos outros. Muitos de nós ficamos envolvidos numa generosidade compulsiva — atos de bondade motivados por sentimentos de culpa, obrigação, pena e de suposta superioridade moral. Disse o Divino Amigo diante da população sofredora: “Tenho compaixão da multidão”. Para adquirir a dádiva do conhecimento das virtudes, é preciso elevar o entendimento e engrandecer o raciocínio com Jesus Cristo. Compaixão é um ato de elevada compreensão, em que reina a fidelidade consigo mesmo, o auto-respeito, o perdão e a bondade. Ser bom, em sua exata definição, é fazer escolhas ou tomar atitudes com compaixão, lançando mão da própria dignidade e, ao mesmo tempo, promovendo a dignidade alheia. Hammed (A imensidão dos sentidos)